Rorococó
Este ensaio pretende representar e homenagear uma parcela significativa de fotógrafos não iniciantes e não incultos.
“A fotografia contemporânea se torna verdadeiramente contemporânea quando ela deixa de se perguntar se é ou não contemporânea.” (Ronaldo Entler – Sentimentos em torno da fotografia contemporânea – 28/06/11)
Esse paradoxo da fotografia traz à tona a discussão sobre a liberdade de se criar imagens sem estar preso a qualquer regra de linguagem, estética ou técnica. Também paradoxalmente, contemporâneo não corresponde mais aos dias de hoje. Não se pode mais fotografar por fotografar. É proibido materializar a imagem simplesmente porque ela é bela. O “plástico” já não atende mais. O conceito precisa estar presente, caso contrário, não pode. Pode, mas não vale. Vale, mas não entra em festival. O bonito precisa ter uma legenda bonita, aí vira conceito, que pode ser forte ou fraco dependendo da bagagem e humor da curadoria. Quem fotografa o belo precisa escrever um bom “rorococó” para defender sua falta de técnica, preguiça, ideia genial ou gosto pessoal. Nos festivais, uma paisagem vira o sentimento de ausência em espaço físico. Uma casa abandonada reflete a relação do que foi com os que partiram. Seios é sempre bom, pois mostra uma descoberta, o resultado do resgate íntimo do ser humano.
Entrar para o circuito é o difícil. Lá dentro, fazer o que gosta é quebrar as regras, é “desconstruir”. A partir daí, o belo volta a ser apenas belo. O cíclico é clichê, que é cíclico. O contemporâneo descansa em paz.